Aves que “Guardam” Itens. Uma Tendência de Acúmulo em Psitacídeos Inteligentes

Entre os muitos comportamentos intrigantes que os psitacídeos apresentam, um, em especial, chama a atenção de quem convive com essas aves de perto: a tendência de guardar ou acumular objetos. Seja escondendo brinquedos em cantos do viveiro, seja escolhendo cuidadosamente determinados itens para manter por perto, essas aves demonstram uma atitude que, à primeira vista, pode parecer simples curiosidade, mas que revela algo muito mais profundo.

Observar aves que selecionam e armazenam objetos nos convida a repensar a forma como compreendemos a inteligência no reino animal. No caso dos psitacídeos — grupo que inclui papagaios, araras, periquitos e cacatuas —, comportamentos como esses não são apenas fruto do instinto. Eles indicam níveis avançados de cognição, memória e tomada de decisão. É justamente por isso que a etologia, a ciência que estuda o comportamento animal, tem voltado seus olhos com mais atenção para essas espécies, reconhecendo nelas uma complexidade que por muito tempo foi subestimada.

A inteligência dos psitacídeos, inclusive, já foi comparada à de primatas em diversas ocasiões. Alguns estudos demonstram que essas aves podem resolver problemas, usar ferramentas, reconhecer padrões e até expressar preferências individuais. Quando um papagaio escolhe um objeto e o “guarda” repetidamente, ele está, de certa forma, revelando traços de personalidade e memória, habilidades que antes eram atribuídas quase exclusivamente aos mamíferos superiores.

Essa tendência de acúmulo, que por vezes pode parecer meramente lúdica ou decorativa, se mostra, na verdade, como uma janela aberta para a mente dessas aves surpreendentes. E é justamente esse comportamento que vamos explorar neste artigo, buscando entender o que ele significa, quais fatores o influenciam e por que ele é mais um sinal claro da inteligência notável dos psitacídeos.

O que significa “guardar” itens no comportamento animal?

Quando falamos sobre animais que “guardam” objetos, é importante entender o que isso realmente significa do ponto de vista comportamental. Em essência, guardar ou acumular algo envolve a escolha e o transporte deliberado de um item até um local específico, onde ele é mantido por algum tempo — às vezes por proteção, outras vezes por algum valor simbólico ou prático percebido pelo animal. Esse comportamento pode variar bastante entre espécies, mas sempre carrega consigo uma pista sobre como aquele animal percebe e interage com o ambiente ao seu redor.

Nem todo ato de guardar objetos é o que parece. Algumas espécies fazem isso por instinto, como parte de um comportamento herdado e automático. É o caso dos esquilos, por exemplo, que enterram nozes e sementes para o inverno — um ato que não exige reflexão consciente, mas sim uma resposta natural ao ciclo das estações. Por outro lado, quando observamos aves como os psitacídeos selecionando itens específicos — muitas vezes não comestíveis — e escondendo-os ou mantendo-os próximos por longos períodos, entramos no terreno do comportamento intencional. Nesses casos, há sinais claros de que a escolha do objeto e o ato de guardá-lo fazem parte de um processo que envolve preferências pessoais, memória e, possivelmente, até afeto.

Outros animais conhecidos por esse tipo de atitude são os corvos, que muitas vezes recolhem objetos brilhantes ou incomuns e os armazenam em esconderijos. Eles são célebres por sua inteligência, e seu hábito de guardar itens está relacionado tanto ao aprendizado quanto ao simbolismo individual — cada objeto pode ter um valor diferente dependendo da ave. Essa comparação é útil porque mostra que o comportamento de acúmulo, quando não tem um fim alimentar ou estritamente reprodutivo, pode indicar níveis cognitivos elevados.

No caso dos psitacídeos, o ato de guardar objetos se aproxima mais daquilo que vemos em corvos do que no comportamento instintivo de animais como esquilos. Eles demonstram intenção, repetição seletiva e até apego a certos itens. Isso nos leva a refletir: o que significa, para essas aves, ter um “objeto favorito”? O que está por trás dessa vontade de mantê-lo por perto, escondido ou seguro? Guardar algo, para um psitacídeo, parece ser mais do que um hábito — pode ser uma forma de expressão.

Psitacídeos: campeões da inteligência aviária

Os psitacídeos são, sem dúvida, os protagonistas quando se fala em inteligência entre as aves. Papagaios, araras, cacatuas, periquitos e suas diversas variações ao redor do mundo não impressionam apenas pela exuberância das cores ou pela capacidade de vocalizar sons humanos — eles cativam pelo raciocínio aguçado, pela curiosidade insaciável e pela maneira sofisticada como interagem com o mundo ao seu redor.

Essas aves compartilham características anatômicas e comportamentais únicas que as tornam verdadeiras especialistas em adaptação e aprendizado. Possuem bicos fortes e móveis, ideais para manipular objetos com precisão, e pés zigodáctilos — com dois dedos voltados para frente e dois para trás — que funcionam quase como mãos. Essa configuração permite que segurem, virem e examinem itens com uma destreza notável. Além disso, a estrutura cerebral dos psitacídeos favorece a cognição avançada, rivalizando em complexidade com a de alguns primatas.

No campo das habilidades cognitivas, os exemplos são abundantes. Há registros de papagaios usando galhos para alcançar alimentos fora do alcance, cacatuas que resolvem quebra-cabeças complexos e periquitos que aprendem a abrir travas com vários mecanismos. Esses comportamentos não são apenas resultado de tentativa e erro aleatório — eles revelam raciocínio, memória e aprendizado. Outro ponto marcante é a capacidade vocal. Muitos psitacídeos são capazes de imitar sons com uma fidelidade impressionante, inclusive palavras e expressões humanas, o que exige uma capacidade auditiva e uma memória auditiva muito desenvolvidas, além de um senso de contexto em algumas situações.

No entanto, toda essa inteligência não se manifesta no vazio. O ambiente em que essas aves vivem desempenha um papel central no desenvolvimento de seus comportamentos. Psitacídeos criados em ambientes enriquecidos, com estímulos variados e oportunidades de interação, costumam apresentar uma gama de comportamentos muito mais complexos e saudáveis do que aqueles mantidos em condições monótonas. O tédio e a privação sensorial podem levar a distúrbios comportamentais sérios, como automutilação ou agressividade, justamente por serem animais que necessitam de desafios e variedade para manterem-se mentalmente equilibrados.

Quando olhamos para um psitacídeo empoleirado em silêncio, é fácil subestimar a intensidade do que acontece dentro de sua mente. Mas bastam alguns minutos de observação para perceber a sagacidade com que essas aves exploram o mundo. São criaturas que pensam, sentem e escolhem — e por isso, merecem nossa atenção não apenas pelo que dizem, mas também pelo que silenciosamente nos mostram através de seus comportamentos.

Tendência de acúmulo em psitacídeos

A tendência de acúmulo em psitacídeos tem sido observada com frequência tanto em ambientes domésticos quanto em situações de manejo profissional, como criadouros e centros de reabilitação. Embora não se trate de um comportamento universal — nem todos os indivíduos o apresentam —, há relatos consistentes que mostram aves selecionando determinados objetos e os escondendo, protegendo ou simplesmente mantendo por perto, como se tivessem um valor pessoal atribuído a eles. Esses registros vêm de criadores atentos, pesquisadores do comportamento animal e tutores que convivem diariamente com essas aves notavelmente inteligentes.

Em cativeiro, é comum ver papagaios e araras recolhendo pedaços de brinquedos mastigados, tampinhas de garrafa, pedaços de madeira, contas coloridas ou objetos brilhantes, como clipes metálicos ou pequenos enfeites caídos. Esses itens são muitas vezes escondidos em cantos da gaiola, sob potes de comida ou mesmo entre as penas do dorso, em um gesto surpreendente de proteção e ocultamento. Na natureza, embora o comportamento seja mais difícil de observar com a mesma clareza, já foram documentados casos de psitacídeos selvagens que voltam repetidamente aos mesmos locais onde deixaram materiais ou alimentos, demonstrando memória espacial e seletividade.

A variedade de itens acumulados revela muito sobre a motivação por trás desse comportamento. Em muitos casos, o ato de guardar objetos está claramente ligado à brincadeira. Psitacídeos são conhecidos por seu comportamento lúdico, e brincar é uma parte essencial do seu desenvolvimento cognitivo. A escolha de um objeto pode indicar uma forma de entretenimento que se estende no tempo: esconder, redescobrir, manipular novamente. Em outros momentos, o acúmulo pode estar associado ao enriquecimento ambiental — ou seja, uma forma encontrada pela própria ave de criar estímulos em um ambiente que, de outra forma, poderia se tornar previsível e entediante.

Há também uma dimensão mais subjetiva nesse comportamento: a seleção de “itens favoritos”. Alguns psitacídeos demonstram uma predileção evidente por certos objetos, que buscam repetidamente mesmo quando outras opções estão disponíveis. Esses objetos podem não ter valor funcional, mas parecem cumprir um papel afetivo ou sensorial. O brilho, a textura, o som ao serem manipulados — tudo isso pode influenciar na escolha. Para os tutores atentos, identificar esses padrões pode ajudar a enriquecer a rotina da ave e, ao mesmo tempo, oferecer um vislumbre fascinante de sua personalidade.

A tendência de acúmulo, nesse contexto, deixa de ser uma curiosidade e se torna uma expressão legítima da inteligência emocional e cognitiva dos psitacídeos. Cada objeto guardado é, talvez, uma pequena peça de um quebra-cabeça maior: a complexa individualidade dessas aves que, mesmo em silêncio, sabem contar muitas histórias com seus gestos.

É um sinal de inteligência ou de estresse?

Nem todo comportamento curioso ou incomum em psitacídeos é, automaticamente, um sinal positivo de inteligência ou bem-estar. A tendência de acumular objetos, por exemplo, pode tanto refletir a vivacidade mental dessas aves quanto, em certos contextos, indicar tédio, estresse ou frustração. Entender essa linha tênue entre comportamento saudável e sinal de alerta é essencial para quem convive com esses animais inteligentes e sensíveis.

Quando o acúmulo é resultado de escolha espontânea, feito de forma variada, ocasional e com envolvimento lúdico, estamos diante de uma expressão saudável de curiosidade e cognição. A ave seleciona um objeto com base em preferência — seja pela cor, textura ou som —, interage com ele e, muitas vezes, modifica seu ambiente com criatividade. Há um ritmo natural nesse comportamento, alternando fases de interesse e de indiferença, como ocorre com brincadeiras entre crianças.

Por outro lado, se a ave começa a acumular de forma repetitiva, excessiva ou obsessiva, ignorando outros estímulos, é preciso atenção. Quando esse comportamento se torna mecânico, acompanhado de sinais como agressividade ao se aproximarem dos itens guardados, vocalizações excessivas ou isolamento, pode ser uma manifestação de estresse crônico. Nessas situações, o acúmulo deixa de ser uma escolha e passa a ser uma válvula de escape — um modo de lidar com a monotonia, a falta de interação ou o confinamento.

É nesse ponto que o enriquecimento ambiental se mostra vital. Psitacídeos são animais altamente sociais e ativos, que exigem estímulos constantes para manterem-se mental e emocionalmente equilibrados. Isso inclui brinquedos variados, mudanças regulares no layout do viveiro, interação com humanos ou outras aves, desafios cognitivos e tempo fora da gaiola sempre que possível. Sem esse conjunto de estímulos, comportamentos disfuncionais como arrancar penas, vocalizar incessantemente ou acumular compulsivamente objetos podem se tornar frequentes.

Por fim, o acúmulo se torna preocupante quando a ave parece emocionalmente dependente de determinados objetos, trata-os como extensão de si mesma ou demonstra ansiedade extrema quando eles são movidos ou retirados. Nesses casos, é importante buscar orientação de um veterinário especializado em comportamento animal ou de um etólogo. O objetivo não é eliminar o comportamento, mas compreender suas causas e devolver à ave a liberdade de escolha, de forma saudável.

Observar atentamente o que uma ave guarda — e como ela guarda — é uma das formas mais diretas de acessar seu estado mental. Ao mesmo tempo em que pode revelar inteligência e individualidade, esse gesto aparentemente simples também pode ser um grito silencioso por ajuda. E cabe a nós, humanos, sermos sensíveis o suficiente para perceber a diferença.

Casos curiosos e relatos de criadores/pesquisadores

Ao longo dos anos, muitos criadores, pesquisadores e veterinários que trabalham com psitacídeos têm colecionado histórias fascinantes sobre o comportamento de aves que, de maneira deliberada e seletiva, acumulam objetos. Esses relatos, embora variados, convergem em um ponto em comum: o acúmulo, quando observado de perto, parece ser mais do que um simples hábito — é um traço de personalidade, uma forma de expressão e, às vezes, até um enigma.

Um caso bastante citado em círculos de criadores envolve uma arara-canindé chamada Luna, criada em ambiente doméstico com ampla liberdade para circular pela casa. Segundo seu tutor, Luna desenvolveu uma predileção específica por tampinhas de garrafa. Mas não qualquer tampinha — ela escolhia apenas as vermelhas. Rejeitava as verdes, ignorava as azuis e empurrava longe as prateadas. As vermelhas, por sua vez, eram cuidadosamente transportadas para um canto específico da estante, onde ela empilhava todas em uma fileira perfeitamente alinhada. Se alguém removia uma delas, Luna se agitava até reposicioná-la no exato lugar de antes.

Outro relato vem de uma bióloga comportamental que estudava uma colônia de periquitos-australianos em um viveiro coletivo. Durante a pesquisa, notou que um dos machos jovens costumava recolher pequenos pedaços de papel picado e pedaços de palha e escondê-los em um buraco feito por ele na madeira da estrutura. Inicialmente, pensou-se que fosse um comportamento relacionado à nidificação, mas o periquito nunca mostrou interesse em acasalar — ele apenas voltava ao esconderijo repetidamente, como se aquilo lhe oferecesse uma sensação de segurança ou controle sobre o ambiente.

Há ainda o curioso caso de um papagaio-verdadeiro chamado Chico, de um centro de reabilitação. Segundo os tratadores, Chico demonstrava um interesse incomum por objetos metálicos: chaves, moedas, argolas de cortina. Ele não os comia nem os destruía — apenas os escondia sob folhas ou dentro de brinquedos ocos. Um veterinário que acompanhava o caso levantou a hipótese de que o brilho dos objetos estimulava a curiosidade natural da ave, e que o comportamento se intensificava nos períodos de menos interação social, funcionando quase como um passatempo solitário.

Depoimentos de criadores experientes confirmam que comportamentos de acúmulo são mais comuns do que se imagina. Um criador de cacatuas, por exemplo, relatou que algumas de suas aves mantinham um “ninho” improvisado feito de brinquedos desmontados, retalhos de tecido e até cascas de frutas secas. Segundo ele, esse “acervo pessoal” era reorganizado com frequência, sugerindo que a ave não apenas guardava os itens, mas também interagia com eles como se fossem parte de uma rotina emocional.

Para muitos profissionais que acompanham essas aves no dia a dia, esses relatos não são apenas curiosidades; são sinais de que os psitacídeos operam com níveis profundos de cognição e consciência do ambiente. Guardar objetos, nesses contextos, parece menos um comportamento instintivo e mais uma extensão da individualidade — uma janela para o universo interno de seres que, cada vez mais, demonstram ter muito a nos ensinar sobre inteligência, memória e emoção.

O que isso nos ensina sobre a mente das aves?

Observar psitacídeos acumulando objetos — escolhendo, escondendo, protegendo — é mais do que um espetáculo curioso do comportamento animal. É um convite à reflexão sobre como essas aves percebem o mundo, tomam decisões e constroem, à sua maneira, uma relação subjetiva com os elementos ao seu redor. Quando uma ave escolhe um único objeto entre vários, o guarda com cuidado e retorna a ele repetidamente, estamos diante de um processo que envolve memória, preferência e talvez até afeto — elementos que, por muito tempo, foram atribuídos apenas a mamíferos superiores.

A cognição aviária tem se revelado surpreendentemente sofisticada. A capacidade de formar associações, resolver problemas, antecipar resultados e lembrar localizações são habilidades que exigem mais do que simples reflexos instintivos. Elas pressupõem um processamento ativo da informação. O acúmulo, nesse sentido, é um espelho da mente em ação. A ave decide o que é valioso para ela, demonstra consistência em suas escolhas e, muitas vezes, altera seu comportamento para proteger ou reorganizar aquilo que considera importante. Isso nos leva a reconhecer que, dentro de um cérebro pequeno, pulsa uma complexidade que desafia antigos paradigmas sobre a “superioridade” cognitiva dos humanos.

Mas talvez o aspecto mais revelador seja o traço de individualidade que o acúmulo carrega. Dois papagaios da mesma espécie, na mesma casa, podem demonstrar preferências completamente distintas: um fascinado por tecidos, outro obcecado por objetos metálicos. Essa variação de gosto, estilo e comportamento não é aleatória — é personalidade. Assim como cães desenvolvem preferências por brinquedos ou lugares, os psitacídeos também demonstram padrões únicos, que se repetem ao longo do tempo e formam uma identidade comportamental reconhecível. O acúmulo, então, torna-se uma das janelas mais visíveis dessa individualidade.

E, inevitavelmente, surgem os paralelos com o comportamento humano. Acumular, para nós, pode estar ligado à memória afetiva, ao conforto ou ao desejo de controle. Guardamos bilhetes, lembranças, objetos sem utilidade prática, mas que têm um peso emocional ou simbólico. Nos psitacídeos, a motivação talvez não seja idêntica — mas o fato de que eles também selecionam, protegem e repetem esses gestos sugere que compartilham conosco algo mais do que apenas uma estrutura de comportamento: talvez compartilhem uma forma de sentir o mundo com intensidade.

Em última análise, a forma como os psitacídeos acumulam objetos nos obriga a reconhecer que a inteligência não tem um único formato. Ela pode vir vestida de penas, manifestar-se em gestos sutis, e ainda assim ser profunda, sensível e pessoal. Com cada objeto escondido, uma ave nos diz, silenciosamente, que há muito mais acontecendo ali do que se vê — e que a mente, seja ela humana ou aviária, é sempre um universo em expansão.

Após essa análise, podemos dizer que o comportamento de acúmulo em psitacídeos, à primeira vista um gesto simples ou até cômico, revela uma profundidade que não pode ser ignorada. Ao longo deste artigo, vimos que guardar objetos não é apenas uma brincadeira passageira, mas sim uma manifestação concreta de cognição, memória, preferência e até mesmo expressão emocional. Esses momentos de seleção, proteção e interação com objetos escolhidos apontam para um universo interno ativo, onde cada ave carrega traços únicos de personalidade.

Entender esse fenômeno nos leva a uma apreciação mais ampla da inteligência aviária, especialmente entre os psitacídeos, que já se destacam por sua incrível capacidade de aprendizado, vocalização e interação social. No entanto, ainda estamos apenas começando a decifrar os sinais que essas aves nos dão sobre como pensam, sentem e percebem o mundo ao seu redor. Estudar comportamentos como o acúmulo não é apenas uma curiosidade científica — é uma oportunidade de ampliar nossos conceitos sobre consciência, tomada de decisão e até mesmo emoção em espécies não humanas.

Mais do que isso, esses gestos nos convidam a uma mudança de olhar. Precisamos reconhecer que aves, especialmente as altamente inteligentes como os psitacídeos, não são seres simples ou instintivos, mas criaturas dotadas de complexidade mental e emocional. Valorizar essa inteligência — e cuidar dela com respeito, atenção e estímulo adequado — é parte fundamental do compromisso ético de quem convive, estuda ou cria essas aves. Ao abrir espaço para que suas mentes floresçam, nós também ampliamos a nossa capacidade de empatia e compreensão do mundo animal. Afinal, quanto mais aprendemos sobre elas, mais percebemos o quanto ainda temos a descobrir sobre nós mesmos.

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